Da Redação/ Por Estéfani Braz
O fim do ensino médio traz inúmeras questões para os jovens, principalmente, sobre como será o futuro. Para outros, no entanto, há uma certeza: a de cursar uma faculdade fora da cidade e morar em república.
Compartilhar a vida com pessoas – até então – desconhecidas, dividir responsabilidades e respeitar as regras de convivência são alguns pontos que precisam ser levados em consideração.
Em contrapartida, há os benefícios de não se sentir completamente só em uma nova cidade e ter com quem dividir os gastos de uma moradia.
– Mas, como encontrar uma república?
Antes mesmo da aprovação na universidade é possível pesquisar informações sobre a cidade e moradias estudantis.
Há, no entanto, quem prefira esperar pela aprovação para buscar indicações. Como foi o caso do Pedro Antônio Araújo de Sá Furtado, que é aluno do curso de Engenharia de Materiais, na USP em Lorena (SP), e contou que, após receber o resultado do vestibular, procurou referências por meio das redes sociais. “Até que não foi muito difícil. Quando eu passei, fiz uma postagem no grupo do Facebook de moradias EEL-USP dizendo que estava procurando vaga em república e recebi várias mensagens ai precisei só conversar e decidir baseado no preço e estrutura da casa”.
É preciso avaliar alguns pontos ao buscar por uma república universitária como situação do imóvel, localização, valores e regras de convivência, isso porque é o início de uma nova jornada ao lado de pessoas ainda desconhecidas.
Daiana de Oliveira Silva, também aluna do curso de Engenharia de Materiais, na EEL-USP, afirma que não teve dificuldades, mas que houve certa atenção na hora de buscar um novo lar. “Já tinha morado fora do Rio de Janeiro (onde nasci) sem minha família. Mas sempre tem algumas preocupações dos pais que acabam se tornando minhas também, em relação ao local da casa (se é seguro, bem movimentado) e com que pessoas eu ia morar”.
Do ponto de vista da psicologia, a vida em república universitária também ajuda no desenvolvimento social, a respeitar os limites individuais e compreender as limitações do outro e do todo.
A psicóloga Jéssica Venâncio de Carvalho ressalta alguns pontos que devem ser levados em consideração durantes as pesquisas:
- Estar em um ambiente que você se sinta respeitado e confortável;
- A convivência e a rotina causam desgastes que são “naturais” então é sempre importante respeito;
- A identificação é um fato extremamente importante para escolher com quem morar. Vai facilitar a convivência das similaridades.
- O momento de sair de casa e ir morar em outro lugar traz uma sensação de independência, de liberdade, entretanto é preciso ter atenção aos estudos e equilibrar a vida acadêmica com a vida social universitária;
- Vale entender a logística da cidade, para escolher uma localização estratégica e segura.
- Prós e contras de uma república universitária.
Para Furtado, que é de Teresina(PI), os colegas da República D’oscara se tornaram uma família.
Ele contou que, atualmente, mora a mais de dois mil quilômetros de distância de sua cidade natal e, por conta disso, só volta para casa duas vezes ao ano, o que fez com que ele desenvolvesse na república um sentimento de família.
“É muito bom ter pessoas com quem você pode contar em todos os sentidos, seja para dar uma dica de como estudar para determinada matéria, seja para ir para as festas.”
O ponto negativo, porém, é o dividir as tarefas domésticas. “É só a louça (risos), que é praticamente o único motivo de briga na rep (sic) e a convivência com diferentes tipos de pessoa é um ponto que pesa, às vezes, positivamente por proporcionar muita troca de ensinamentos e outros princípios, mas às vezes negativamente por gerar desgaste”.
Ter alguém para ajudar na hora dos estudos é um dos maiores benefícios. Daiana Oliveira disse que recomenda que outros calouros procurem ter essa oportunidade. “Achei muito interessante porque a rotina na faculdade pode ser bem estressante, então é uma forma de não surtar com essa rotina (risos)”.
Ela afirmou que a experiência tem sido muito boa e que mora com pessoas bem diferentes dela, mas que considera isso bom. Além disso, ela contou que sempre procuram fazer coisas juntas, seja um filme com pipoca e brigadeiro, uma festa da faculdade ou até mesmo só sentar na sala rindo de besteiras.
Como pontos negativos, Daiana lembrou dos abusos nos trotes – como são chamadas as atividades de chegada dos novos calouros – e o fim da universidade e, consequentemente, da vida em república.
- E os pais de universitários que estão iniciando agora a faculdade, como lidar com a nova fase?
Ver o filho mudar de cidade, criar sua própria independência e sair debaixo das asas pode não ser uma situação fácil de enfrentar para os pais. Mas, é preciso lembrar que o jovem precisa de autonomia para viver a vida e traçar seu caminho.
A psicóloga Jéssica Venâncio de Carvalho reforçou o quanto é importante o apoio dos pais nessa nova fase da vida do jovem. “Ele vai errar, ele vai cair, vai levantar, vai sorrir, vai chorar! Depois de todas essas experiências ele vai ter a segurança de que você pai, você mãe, estava e estará ao lado dele (a)! Amar é deixar livre! Mesmo que isso doa…Você não precisa concordar com tudo! Mas o respeito é base de qualquer relação saudável!”
- No final das contas, vale a pena morar em uma república universitária?
Furtado reforçou que dividir a moradia com outros universitários pode ajudar no desempenho. “A faculdade, ainda mais pra quem mora fora, muitas vezes pode ser algo desgastante demais e morar em república torna a caminhada mais leve, divertida e engraçada. Então, eu aconselho morar em república”. Daiana também acredita que os prós sejam maiores que os pontos contra. “O que eu diria, principalmente para calouros, é que recomendo bastante morar em república, como já disse (risos). Mas uma dica é procurar bem antes de fechar com uma. Procure veteranos do curso para orientação, as pessoas no geral são muito receptivas, então não tenha medo de pedir orientações”.