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Estudantes de Medicina da UNITAU se manifestam contra a expansão do campus para Cruzeiro e cobram melhorias da universidade

Da Redação, por Camila Guimarães

Em uma manifestação realizada na última quarta-feira (06), em frente à reitoria da Universidade de Taubaté (UNITAU), universitários de medicina da instituição expressaram suas preocupações quanto à expansão do curso para um novo campus na cidade de Cruzeiro-SP, aprovada pelo Conselho Universitário (CONSUNI) em dezembro de 2023. Segundo os alunos, essa iniciativa pode comprometer a qualidade do ensino no campus de Taubaté, que já enfrenta dificuldades estruturais e falta de recursos adequados.

A estudante Luana Aguiar Mano Sanchez, presidente do Diretório Acadêmico Benedicto Montenegro (DABM) do curso de Medicina no campus de Taubaté, informou que desde a aprovação da expansão do campus no final do ano passado, os alunos já têm se posicionado de forma contrária.

“Tentamos iniciar diálogo com a Universidade, mas não fomos propriamente atendidos. Seguimos acompanhando as movimentações e, quando foi assinado o contrato de aluguel de um imóvel para o futuro campus de Cruzeiro, no valor de R$ 27 milhões, tentamos uma reunião com a Reitora”, afirmou.

Segundo a estudante, a reitora da Universidade não compareceu e na ocasião enviou uma pró-reitora em seu lugar, que de acordo com a aluna não demonstrou querer ouvir nossas indagações, dizendo que os alunos poderiam ser contrários, mas a que a expansão aconteceria.

A futura médica destaca que a mensalidade do curso de Medicina na UNITAU sofreu reajustes e, em 2025, será de R$ 9.038,00 para as novas turmas ingressantes em 2024 e R$ 8.556,85 para turmas que ingressaram até 2023. Quando questionada sobre a compatibilidade do valor pago comparado à infraestrutura oferecida pela instituição, Luana diz que não é compatível.

“Temos salas de aula sem ar-condicionado, televisões e computadores frequentemente apresentam problemas, o salário dos professores é baixo, há goteiras nos prédios e laboratórios alagam quando chove, os livros da biblioteca são antigos, não há suporte financeiro da Universidade para organização de palestras, não há simuladores suficientes para estágios práticos, faltam materiais no Hospital Universitário”, desabafa a estudante.

(Estudantes de Medicina da UNITAU se manifestam contra expansão do campus para Cruzeiro, foto: DABM)

Conforme informações do Diretório Acadêmico do Curso de Medicina, cerca de 250 a 300 alunos estiveram presentes nas manifestações contrárias à expansão do campus, que aconteceram em três etapas. As reinvindicações ganharam apoio de diretórios acadêmicos e atléticas de outros cursos como: direito, odontologia e de entidades estudantis de fora da UNITAU. A expectativa dos alunos é de conseguir dialogar com a universidade e de tornar pública a situação enfrentada em Taubaté.

“A UNITAU, uma universidade municipal está dividindo seus recursos e investindo em municípios vizinhos, enquanto poderia estar investindo aqui. Além disso, estão sendo negligentes com os cursos de Medicina, não dando importância suficiente às melhorias necessárias, tanto aqui quanto no campus de Caraguatatuba, que também sofre com a falta de materiais”. disse Sanchez.

(Estudantes de Medicina da UNITAU se manifestam contra expansão do campus para Cruzeiro, foto: DABM)

Em uma publicação nas redes sociais do DABM, a entidade divulga um ranking atualizado das universidades de todo o país, realizado pela Folha de São Paulo e observam a queda de 23 pontos da UNITAU na lista de um ano para o outro, em 2023 a instituição ocupava a posição de 133ª e em 2024 caiu para o 156º lugar. Os alunos atribuem a queda a expansão do campus de Caraguatatuba e temem que a situação piore caso a expansão para Cruzeiro se torne realidade.

O DABM, reinvindica que a UNITAU priorize investimentos nos campi existentes antes de considerar expansões, as reivindicações incluem:

  • Ampliação das bolsas de estudo para todos os alunos, não apenas os da medicina;
  • Investimentos em tecnologia nos dois campi (Taubaté e Caraguatatuba);
  • Valorização salarial dos professores, que recebem remuneração considerada baixa pelos estudantes.

Essas melhorias visam assegurar que os recursos financeiros e humanos da universidade sejam direcionados para aprimorar a qualidade do ensino nos cursos já existentes, em vez de serem dispersos com a criação de um novo campus.

“No final, tudo se resume em: nós queremos que, antes de pensar em expandir e dividir recursos humanos e financeiros, (SIC) a UNITAU melhore a qualidade do que já tem“, ressaltou a estudante.

(Estudantes de Medicina da UNITAU se manifestam contra expansão do campus para Cruzeiro, foto: DABM)

Luana relembra que a UNITAU já enfrentou desafios na expansão anterior para Caraguatatuba, onde o curso registra baixa demanda no vestibular. “Este campus ainda não está consolidado, no último vestibular apenas 89 pessoas se inscreveram para Caraguá e a universidade precisou pedir para que os inscritos em Taubaté se matriculassem lá, o que demonstra que não há alta demanda pelo curso e ainda há um longo caminho para a UNITAU percorrer a fim de consolidar o campus de Caraguatatuba“.

De acordo com a universitária, “Abrir um terceiro campus implica seguir negligenciando os dois cursos de Medicina que a Universidade possui, o que impacta diretamente na nossa formação acadêmica”, opina. Ela também menciona que a abertura indiscriminada de cursos de Medicina em cidades menores pode comprometer a qualidade da formação médica, com riscos para a saúde pública, pois pode acarretar na formação de médicos despreparados.

Em nota, a Universidade de Taubaté (UNITAU) estar disposta a dialogar com os alunos.

“A Universidade de Taubaté (UNITAU) está aberta ao diálogo com os alunos e destaca que o curso de Medicina UNITAU é aprovado por órgãos reguladores, por meio de um processo rigoroso que avalia não só a estrutura interna oferecida na graduação, mas também os equipamentos de saúde onde os universitários realizam estágios, o que atesta o compromisso da instituição com a qualidade do ensino e com a excelência na formação médica.

A UNITAU não descarta, mediante a realização de estudos de viabilidade, a ampliação de oferta de novos cursos, inclusive em outros campi, conforme previsto do Plano de Desenvolvimento Institucional para o quadriênio de 2022-2026.

Uma instituição com a excelência de ensino, como a Universidade de Taubaté, que completa 50 anos em 2024, precisa promover o acesso ao ensino de qualidade no interior do país frente às concorrentes, seguindo a tendência de expansão do Ensino Superior conforme preconiza o Plano Nacional de Educação”.

Para mais informações e atualizações sobre as ações do Diretório Acadêmico Benedicto Montenegro e da Universidade de Taubaté acessem os perfils no Instagram: @dabmtaubate e @unitau.

E, aí tá rolando alguma coisa na sua faculdade? Conta pra gente, vai!

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